S. Tomé e Príncipe

Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás para atravessar o rio da vida – ninguém, exceto tu, só tu.

Friedrich Nietzsche

Gosto das cores, das flores, das estrelas, do verde das árvores, gosto de observar. A beleza da vida se esconde por ali, e por mais uma infinidade de lugares, basta saber, e principalmente, basta querer enxergar.

Não é a toa que entendo os que buscam caminho. Como busquei arduamente o meu! E como hoje busco com sofreguidão e aspereza o meu melhor modo de ser, o meu atalho, já que não ouso mais falar em caminho. Eu que tinha querido. O caminho, com letra maiúscula, hoje me agarro ferozmente à procura de um modo de andar, de um passo certo. Mas o atalho com sombras refrescantes e reflexo de luz entre as árvores, o atalho onde eu seja finalmente eu, isso não encontrei. Mas sei de uma coisa;
meu caminho não sou eu, é o outro, são os outros.
Quando eu puder sentir plenamente o outro, estarei salva e pensarei: eis o meu porto de chegada.

Clarice Lispector

Com amendoins, pedrinhas brancas que apanhei na praia, galhos de arbustos e uma massinha a fazer de manjedoura, assim nasceu o meu presépio.

Nasceu pobre, mas deixou uma riqueza imensa em acções e palavras, o que prova que não são os carros topo de gama, as roupas ou uma bela casa que são a verdadeira riqueza.

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mario Quintana

Neste caso o barco devia estar no mar e está em terra, digamos que está fora da zona de conforto.
Quando estamos na nossa zona de conforto os nossos comportamentos e ações, pensamentos  e comportamentos, não causam nenhum tipo de medo, ansiedade ou risco, é uma região em que nenhum indivíduo se sente ameaçado.
Já eu estou na minha zona de conforto, não posso arriscar, estou confinada.
Apetecia-me voar e não posso, viajar e sair por aí, avançar. A época que vivemos assim o exige.
Acredito que melhores dias virão.

A vida não tece apenas uma teia de perdas, mas nos proporciona uma sucessão de ganhos. O equilíbrio da balança depende muito do que soubermos e quisermos enxergar.

Lya Luft