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Existe um Olhar

Não te preocupes com os que não te conhecem, mas esforça-te por seres digno de ser conhecido. (Confúcio)

Existe um Olhar

Não te preocupes com os que não te conhecem, mas esforça-te por seres digno de ser conhecido. (Confúcio)

Jardim com flores


Existe um Olhar

07.05.15

 

 
Quem me compra um jardim
com flores?
borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?
Quem me compra este caracol?
Quem me compra um raio de sol?
Um lagarto entre o muro a hera,
Uma estátua da Primavera?
Quem me compra este formigueiro?
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?

E o grilinho dentro do chão?

(Este é o meu leilão)
 
 
 
 

Chove. Há silêncio


Existe um Olhar

28.01.13

 
Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego...

Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...

Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
 
No jardim do museu do Oriente
Janeiro de 2013

 

 

 

Quando uma flor se abre


Existe um Olhar

17.07.12

Quando uma flor se abre,
nunca é apenas uma flor
- ela ativa um processo;
então, flores continuam a abrir-se.
A primeira flor pode ser difícil,
mas as outras simplesmente virão.
A primeira experiência é difícil,
porque você não a permite.
Uma vez que a permitiu,
então não é só uma flor que se abre
- mil e uma flores se vão abrir...

 
 
 

Ausência


Existe um Olhar

06.07.12

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade
 
 

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