Deixo no cais os desafetos, o carinho negado, as traições, o ódio velado.
Desatraco! Desapego!

Tenho pena, quando ando a visitar certos lugares e vejo tanta casa degradada. Há tanta gente sem casa, a dormir em tendas e abandonadas à sua sorte, que penso:- será que não há ninguém que restaure ruínas e que depois de arranjadas, fariam a felecidade das famílias?

Quando vejo uma janela assim, imagino alegrias e tristezas vividas por detrás desta janela e penso quão efémera é a vida.

Tudo o que pode substituir-se com facilidade pode ser abandonado mais facilmente.

"O que mata um jardim não é o abandono. O que mata um jardim é esse olhar de quem por ele passa indiferente… E assim é com a vida, você mata os sonhos que finge não ver."

Mario Quintana

Depois de todas as tempestades e naufrágios o que fica de mim e em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro.

Caio Fernando Abreu

Muitas vezes, uma linda jornada termina em naufrágio...!
Só nos resta sobrevivermos e procurarmos outra embarcação
Pra seguirmos viagem!

Rick Jones Anderson

O tempo passou, cumpriu a sua missão...navegar, ir rio acima rio abaixo, guiado por algum pescador, ou transportando turistas.

Agora repousa na margem ao abandono.

Há os que são tratados com as maiores mordomias e outros são abandonados e vítimas de maus tratos.
Curioso saber que as famílias portuguesas têm mais cães ou gatos que crianças.
Vejam o link que deixei aqui de  uma reportagem transmitida pela Sic e que diz mais do que qualquer palavra minha, mas o certo é que senti um pouco de inveja quando vi a reportagem, também eu gostava de ter alguém que me levasse a passear, dar banhinho, cortar o cabelo, etc

https://sicnoticias.pt/programas/reportagemespecial/2019-03-23-Amigos-de-Estimacao-do-afeto-ao-abandono

Por teu livre pensamento
Foram-te longe encerrar
Tão longe que o meu lamento
Não te consegue alcançar
E apenas ouves o vento
E apenas ouves o mar
Levaram-te a meio da noite
A treva tudo cobria
Foi de noite numa noite
De todas a mais sombria
Foi de noite, foi de noite
E nunca mais se fez dia.

Ai! Dessa noite o veneno
Persiste em me envenenar
Oiço apenas o silêncio
Que ficou em teu lugar
E ao menos ouves o vento
E ao menos ouves o mar.

David Mourão Ferreira