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Existe um Olhar

"Não te preocupes com os que não te conhecem, mas esforça-te por seres digno de ser conhecido." Confúcio Criei este blog para registar momentos através da fotografia, recordando tudo o que vivi e aprendi.

Existe um Olhar

"Não te preocupes com os que não te conhecem, mas esforça-te por seres digno de ser conhecido." Confúcio Criei este blog para registar momentos através da fotografia, recordando tudo o que vivi e aprendi.

Quase toquei no céu


Existe um Olhar

27.07.14

Tocar no céu ou ter um pouco de céu? 
Perante as desgraças a que assistimos todos os dias em que nos sentimos impotentes para resolvê-las, resta-nos encontrar e desejar que dentro de nós se instale a paz, a amizade, a concórdia e o equilíbrio.
E perante tudo o que vejo e sinto vem-me à ideia uma canção da Mafalda Veiga que gosto muito.

Outra margem de mim


Existe um Olhar

27.05.12

 

 

É muito tempo a desejar o tempo
De mudar ventos, levantar marés
É muita vida a desejar o alento
Que faz saber ao certo quem és

É funda a toca onde te escondes tanto
Tem a distância entre o silêncio e a voz
A vida rasga bocadinhos gastos do mundo
Vai descascando até chegar a nós

A tu que sabes tanto de mim
Tu que sentes quem eu sou
Dá-me o teu corpo como ponte que me salva
Do que o medo fechou

São muitos dias a perder em vão
Sem nunca entrar dentro do labirinto
É muita vida a não ser o que tu sentes
A planar sobre o que eu sinto

É quase noite, não te escondas mais
Vai desatando até entrar o ar
Dá-me um gesto que me diga o teu fundo
Uma palavra para te tocar

Tu que sabes tanto de mim
Tu que sentes quem eu sou
Dá-me o teu corpo como ponte que me salve
Do que o medo fechou

Tu que sabes tanto do sol
És uma espécie de outra margem de mim
Olha-me dentro como chão que me agarre

Pode ser esta noite quente
A estrada aberta mesmo à nossa frente
E tu e eu a descobrir o ar
Não é preciso correr
Não é urgente chegar
O que é preciso é viver

Não é urgente chegar.
O que é preciso é viver.

 

S. Martinho do Porto

27 de maio de 21012

 

 

 

Não há como fugir ao destino


Existe um Olhar

28.10.11

 
 

Parado e atento à raiva do silêncio
de um relógio partido e gasto pelo tempo
estava um velho sentado no banco de um jardim
a recordar fragmentos do passado

na telefonia tocava uma velha canção
e um jovem cantor falava da solidão
que sabes tu do canto de estar só assim
só e abandonado como o velho do jardim?

o olhar triste e cansado procurando alguém
e a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém
sabes eu acho que todos fogem de ti pra não ver
a imagem da solidão que irão viver
quando forem como tu
um velho sentado num jardim

passam os dias e sentes que és um perdedor
já não consegues saber o que tem ou não valor
o teu caminho parece estar mesmo a chegar ao fim
pra dares lugar a outro no teu banco do jardim

o olhar triste e cansado procurando alguém
e a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém
sabes eu acho que todos fogem de ti pra não ver
a imagem da solidão que irão viver
quando forem como tu
um resto de tudo o que existiu
quando forem como tu
um velho sentado num jardim

 

Mafalda Veiga-música

Um pouco de céu


Existe um Olhar

21.09.11

 
 

Só hoje senti
que o rumo a seguir
levava pra longe
senti que este chão
já não tinha espaço
pra tudo o que foge
não sei o motivo pra ir
só sei que não posso ficar
não sei o que vem a seguir
mas quero procurar

e hoje deixei
de tentar erguer
os planos de sempre
aqueles que são
pra outro amanhã
que há-de ser diferente
não quero levar o que dei
talvez nem sequer o que é meu
é que hoje parece bastar
um pouco de céu
um pouco de céu

só hoje esperei
já sem desespero
que a noite caísse
nenhuma palavra
foi hoje diferente
do que já se disse
e há qualquer coisa a nascer
bem dentro no fundo de mim
e há uma força a vencer
qualquer outro fim

não quero levar o que dei
talvez nem sequer o que é meu
é que hoje parece bastar
um pouco de céu
um pouco de céu

 

Mafalda Veiga-música aqui

 

Portinho da Arrábida

Setembro de 2011

O bando debandou


Existe um Olhar

20.05.11

O bando debandou
subindo do arvoredo
do vácuo que ficou
no fim do seu degredo
as asas abrem chagas
no acinzar do entardecer
e amansam a agonia
do dia a escurecer

ensombram a ribeira
e o verde da seara
e passam pela eira
em que o sol se pousara
nas gotas do orvalho
luarento e vacilante
refrescam o cansaço
e dormem um instante

Pássaros do sul
bando de asas soltas
trazem melodias
p'ra cantar às moças
em noites de romaria
em noites de romaria

no adejo da alvorada
oscila a minha mágoa
o céu à desgarrada
irrompe azul na água
e a passarada acorda
no sonhar de um camponês
e entrega-se no sul
do frio que à noite fez

é tempo da partida
e a cor no horizonte
adensa a despedida
e o borbotar da fonte
as asas abrem chagas
na poeira o sol acalma
num agitar inquieto
que me refresca a alma

(Mafalda Veiga)

 

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