O dia tinha sido muito preenchido e rico em olhares.
O movimento foi frenético, gente que caminhava, parando aqui e ali, sorrindo, admirando, comentando o que viam.
Reparei nos namorados que trocavam beijos, nas crianças que sorriam e davam pulos de alegria, quando os pais lhes davam um gelado, da idosa que do alto da sua varanda, sozinha, contemplava com um sorriso o que se passava cá em baixo.

Eu caminhei lentamente e sentei-me numa esplanada a pensar nas vivências que a vida me tinha oferecido e agradeci.
O sol, lentamente ia partindo enquanto as luzes da cidade se acendiam.

O euforia do dia deu lugar ao silêncio que se instalou e conclui que ele, (silêncio) era uma boa companhia.

...quando foge a inspiração e os olhares se apagam.

Éramos perfeitas desconhecidas, mas quando os nossos olhares se cruzaram, parecia que há muito nos tínhamos encontrado.
Não falávamos a mesma língua, mas isso revelou-se desnecessário, os nossos olhos falaram mais que qualquer palavra que pudéssemos trocar.
Falámos dos nossos mundos tão diferentes, mas unidos pela ternura, compaixão e carinho.

Penso que me achaste parecida contigo, se sim, não te enganaste. Ambas estávamos unidas por um destino que nos era comum, ambas sabíamos que algures as nossas vidas se tinham cruzado e que as nossas emoções eram pautadas pela cordialidade, pela fé que nos movia e pelo amor incondicional de dois seres que nada pedem, mas tudo dão. 

E neste diálogo mudo, descobrimos ou melhor ambas sabíamos, que basta saber olhar para que duas almas fiquem ligadas para sempre.

Sabes uma coisa? - Gostei de te conhecer!

 De máquina e tripé, calçados de maneira a poderem fotografar nos lugares mais improváveis, sem medo da chuva ou do frio, os fotógrafos têm na alma o olhar, no coração as emoções de quem quer captar um sonho, ou um momento que eternize os seus olhares e mais tarde poderem recordar.

“Se algo não pode ser escrito, ou pensado, ele pode ser fotografado.”
 Stanley Kubrick

&- Foto do primeiro workshop de fotografia que fiz no Gerês