Esquecemo-nos que o ciclo da água e o ciclo da vida, são na verdade, um só.

A luz só penetra onde houver transparência.

Temos ouvido com demasiada frequência sobre a poluição dos rios e mares, originando a morte de muitos peixes e flora aquática.
É dever de todos nós cuidar e evitar que o nosso planeta vá morrendo, destruindo o bem mais precioso que temos, a água.
Felizmente ainda há lugares onde  se pode ver que ainda vão existindo paraísos com água límpida e transparente como a que mostra a foto que captei na Colômbia.

Algo existe num dia de verão,
No lento apagar de suas chamas,
Que me impele a ser solene.
Algo, num meio-dia de verão,
Uma fundura - um azul - uma fragrância,
Que o êxtase transcende.
Há, também, numa noite de verão,
Algo tão brilhante e arrebatador
Que só para ver aplaudo -
E escondo minha face inquisidora
Receando que um encanto assim tão trémulo
E sutil, de mim se escape.

Emily Dickinson

Nunca confundam meu silêncio com ignorância ou minha calma com aceitação.
Só descanso em cais onde haja transparência e onde a água seja o espelho do que gosto, mesmo que sejam sombras distorcidas.

A lucidez faz-me pensar que ser transparente não quer dizer que nos tornemos invisíveis.

Difícil ser transparente?
Costumamos acreditar que ser transparente é simplesmente ser sincero, não enganar os outros, mas ser transparente é muito mais do que isso...
É ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar, de falar dos nossos sentimentos!
Muitos de nós preferimos o nó na garganta às lágrimas que brotam do mais profundo de nossos seres, mas se agíssemos com o coração, poderíamos evitar muita dor.
Sugiro que deixemos explodir toda a nossa doçura!
Que consigamos não prender o choro, não conter a gargalhada, não esconder tanto o nosso medo, não desejar parecer tão invencível. Que consigamos apenas docemente viver, sentir e amar.
Ser não só razão, mas também coração. Não só um escudo, mas também sentimento.
Quero ser transparente, apesar de todo o risco que isso possa significar!

Ps. Peço desculpa aos que simpaticamente me têm comentado e aos quais ainda não respondi, logo que me seja possível fá-lo-ei.

 A natureza continua a dar-me bons exemplos de como é bom ser transparente

 Sou água que corre entre pedras.

Se todos os rios são doces, de onde o mar tira o sal?
Como sabem as estações do ano que devem trocar de camisa?
Por que são tão lentas no inverno e tão agitadas depois?
E como as raízes sabem que devem alçar-se até a luz e saudar o ar com tantas flores e cores?
É sempre a mesma primavera que repete seu papel?
E o outono?... ele chega legalmente ou é uma estação clandestina?

Pablo Neruda